terça-feira, 26 de maio de 2009
Balanço da III Mostra de Cinema Alemão - Parte 1
Termina amanhã, dia 27, a III Mostra de Cinema Alemão. Apesar da boa seleção de filmes, a projeção de DVD em tela grande do Cine Goiânia Ouro faz com que a imagem perca qualidade (definição e cores), desestimulando um pouco a participação no evento. É preciso destacar, porém, um lado extremamente interessante dessa mostra: os minicursos.
No primeiro deles, ainda no início de maio, o professor Sergio Ricardo Lima de Santana, um baiano meio reservado mas muito generoso, falou sobre o Cinema Alemão Contemporâneo e a análise fílmica em geral.
A fase batizada de Cinema Alemão Contemporâneo começa ali no final dos anos 70 / início dos 80 e é marcada pela internacionalização da linguagem e da distribuição, além da recorrência a temas como globalização, multiculturalidade, territorialidade e reunificação. Sergio usou como exemplos os filmes Corra, Lola, Corra (Tom Tykwer, 1998), Adeus, Lênin (Wolfgang Becker, 2003) e Em Julho (Fatih Akin, 2000), entre outros.
A releitura histórica é um traço muito presente na cinematografia alemã recente. Como diz o Sergio: “O cinema alemão contemporâneo tenta recuperar a imagem do país e do povo, danificada pelo nazismo e pela forma como a história da época foi contada”.
O próprio cinema, sobretudo o americano, dominante, se encarregou de contar essa história por um viés que transformou a Alemanha e o alemão em párias do mundo. A tentativa de processar essa culpa e reconstruir a história podem ser vistas, hoje, em filmes como Operação Valquíria (Bryan Singer, 2008) e O Leitor (Stephen Daldry, 2008). Embora dirigidos por estrangeiros e com atores americanos encabeçando os elencos, ambos têm dinheiro germânico em seus orçamentos.
Para mostrar o quanto o assunto é atual, neste exato momento está em cartaz em Goiânia um outro filme sobre a Segunda Guerra: Os Falsários. É a Alemanha, mais uma vez, revisitando seu passado insepulto. Parafraseando o Sergio: vejamos o filme, sabendo que o cinema, mesmo quando volta ao passado, fala do tempo presente.
Continua...
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4 comentários:
Oi Marco,
Não acompanhei a mostra, pois tenho evitado sair de casa. No entanto, gostei muito da programação e dos filmes. Admiro sobretudo o cinema do Fassbinder, grande autor do cinema novo alemão, que discutiu, de fato (em forma e conteúdo), a Alemanha do pós-guerra. Você viu algum filme dele na mostra?
Não vi, Rodrigo. A exibição de DVD em tela grande não me anima muito.
Sobre o Fassbinder, uma das lacunas da minha cinefilia é justamente a obra dele. Quero entrar nele, mas com alguma orientação pra não me perder ali. Nesse momento, tô assistindo muita coisa do Wim Wenders (aliás, tema do meu próximo post). Curte ele?
Oi Marco,
Gosto do Wenders, sim, mas prefiro o Fassbinder. Eu me lembro do primeiro filme dele que assisti: "Lili Marlene". Acho que é um bom filme pra começar a conhecê-lo!
Consertei aquela data no meu último post, sr. enjoado!! Hehe! E eu não uso meus poderes psíquicos altamente desenvolvidos pra questões tão mundanas e supérfluas como futebol. Blé! Hehehe!
Brincadeira.
E só pra comentar e não parecer que eu vim de graça aqui no blog... Como Operação Valquíria é ruim! Não valeu meu ingresso no cinema!
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