Notícia / III Mostra de Cinema Alemão

Quem gosta ou se interessa por cinema alemão tem uma boa oportunidade de aprofundar seu conhecimento sobre o tema na semana que vem. Na segunda, 4, e na terça, 5, a Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia da Universidade Federal de Goiás sedia o curso de "Cinema Alemão Contemporãneo", ministrado pelo professor Sérgio Santana.

Santana é doutor em Letras e Linguística, com tese sobre a análise fílmica e a relação entre cinema e literatura. Atualmente, entre outras atividades, responde pela área de cinema e mídia do Goethe-Institut, de Salvador (BA).

O curso é gratuito e vai das 9 às 12 horas e das 14h30 às 17h30, diariamente. Para participar, basta enviar um e-mail com nome completo para: mostracinealemao@gmail.com.

Se quiser saber mais, acesse o blog do evento. Lá você descobre que o curso ministrado por Santana é apenas uma das atividades programadas para a III Mostra de Cinema Alemão. Nada menos que 28 filmes vão ser exibidos no Cine Goiânia Ouro e no Cine UFG entre 18 e 27 de maio. Asas do Desejo (Wim Wenders), Lola (Rainer Fassbinder), Em Julho (Fatih Akin) e Adeus Lênin (Wolfgang Becker) são alguns deles.

Completam a programação oficial dois mini-cursos ("Cinema Alemão Contemporâneo" e "Wenders cinéfilo") e duas palestras (uma sobre Wenders, novamente, e outra sobre Fassbinder).

A cinematografia alemã é extensa e rica. Imperdível essa oportunidade de entender um pouco do que se faz hoje na terra do gênio Murnau.

Frost/Nixon e a sedução do poder

Melhor estreia do final de semana, Frost/Nixon mostra a guerra particular que se trava cotidianamente entre jornalista e fonte, durante essa que é a atividade básica do jornalismo: a entrevista. A relação que envolve entrevistador e entrevistado pode se dar em alto nível de polidez, pode ser afetuosa, enriquecedora; mas pode também ser ríspida, agressiva ou indiferente. Depende do que está em jogo e depende de quem se alinha para a esgrima*.

Em Frost/Nixon, o diretor Ron Howard (Código Da Vinci) se concentra nas consequências pessoais dos históricos encontros entre o jornalista David Frost e o ex-presidente americano Richard Nixon. Frost, interpretado por Michael Sheen (A Rainha), vê na entrevista uma oportunidade de subir na carreira. Nixon, incorporado por Frank Langella em performance memorável, pensa em reconstruir sua imagem após a renúncia motivada pelo famoso escândalo Watergate**.

Diretor clássico, Howard se dedica a preparar o espectador para a última grande virada do roteiro, que é o clímax emocional da história. O que mais chama a atenção, porém, não é isso. É o detalhamento do processo de aproximação entre Frost e Nixon, um intrincado jogo de sedução que passa por dinheiro, vaidade e poder. Vale a pena.

Também entra em cartaz a comédia brasileira Divã, com Lilia Cabral, José Mayer, Cauã Reymond e Reynaldo Gianecchini. O documentário americano Iron Maiden: Flight 666, que mostra os bastidores da turnê mundial da banda heavy metal, está programado para duas sessões apenas.

Para ver a programação dos cinemas, clique aqui.


* Janet Malcolm aborda a questão de forma incisiva no livro O Jornalista e o Assassino, fora de católogo hoje em dia, infelizmente.
** Se quiser saber mais, assista ao excelente Todos os Homens do Presidente.

Notícia / Adiada estreia de "Amantes"

Inicialmente prevista para hoje (leia post anterior), a estreia de Two Lovers, de James Gray, está remarcada para 17 de julho. A informação do site Filme B é confirmada pela Playarte, que detém o direito de distribuição da obra no Brasil.

Batizado de Amantes em português, Two Lovers está entre os melhores de 2008 eleitos pelas revistas Cahiers du Cinéma e Les Inrockuptibles. Adorado pela crítica francesa, Gray participa do júri oficial do Festival de Cannes 2009.

Bela Noite para Voar

Apesar da limitação técnica que remete a um telefilme ou a uma novela televisiva, Bela Noite para Voar ainda é capaz de despertar certo interesse. O principal motivo é a figura carismática do presidente Juscelino Kubitschek, vivido aqui pelo ator José de Abreu.

O enredo aborda um dia conturbado na vida de JK. Enquanto voa pelo céu do país ao encontro de um político folclórico (Jânio Quadros), visita a capital em construção (Brasília) e se prepara para encontrar a amante (Princesa), o presidente é alvo de uma conspiração militar. A história é livremente adaptada do livro homônimo do jornalista Pedro Rogério Moreira.

A simples menção a JK é capaz de atrair ao cinema um público adulto e saudosista que não está acostumado a frequentar a sala escura. Parece ser para ele que o diretor Zelito Viana direciona esse filme de roteiro didático e pouca ousadia visual.

Mas é justamente a partir da singeleza e honestidade da produção e do aparente encantamento do próprio diretor por seu protagonista que Bela Noite para Voar é capaz de capturar o espectador e o envolver no clima de reverência que esse filme carrega, ainda que coberto pela aparência de suspense conspiratório.

O apelo é quase irresistível quando se tem na tela um homem que olha sempre adiante e acredita que "a vida sem risco não vale a pena".


Ficha técnica
Título: Bela Noite para Voar
Duração: 87 min
Estúdio: Caribe Produções Ltda. / Focus Films
Distribuição: Paramount Pictures
Direção: Zelito Vianna
Roteiro: Zelito Vianna, baseado em livro de Pedro Rogério Moreira
Produção: Cláudia Furiati e Daniel Sroulevich
Elenco principal: José de Abreu, Mariana Ximenes, Marcos Palmeira e Cecil Thiré.

Cenas dos próximos capítulos

Aguarde, vem aí o filme de Fabio Barreto sobre o presidente Luiz Inácio: Lula, o Filho do Brasil. Divulgado ontem, o trailer aponta para uma obra tecnicamente bem realizada, mas esteticamente duvidosa. Aliás, é um exercício (até necessário) de boa vontade tentar não pré-julgar esse trabalho.

Fabio Barreto é o responsável por O Quatrilho (1995), filme pouco inspirado, e é também membro de um clã que tem reputação controversa dentro do cinema nacional.

Seu novo trabalho conta em tom de "drama épico", como define o diretor, a história de vida de um presidente em exercício. Isso tem consequências. A produtora do filme, a LC Barreto, por exemplo, imediatamente angariou a desconfiança de que pudesse ser beneficiada com dinheiro público. Para evitar a acusação, Luiz Carlos Barreto, pai do diretor, declarou que não pretendia usar subsídio municipal, estadual ou federal para financiar o orçamento do trabalho — cerca de R$ 15 milhões, recorde no cinema nacional.

As filmagens começaram no final de janeiro, em Garanhuns (PE), terra natal do petista, e terminaram em março. A previsão é que Lula, o Filho do Brasil participe de festivais nacionais e internacionais ainda em 2009 e seja lançado em circuito comercial em janeiro de 2010.

A cinebiografia é baseada no livro homônimo assinado pela jornalista Denise Paraná, doutora em História Econômica pela Universidade de São Paulo e pós-doutora pela Universidade de Cambridge. Ela também assina o roteiro, juntamente com Fábio Barreto, Daniel Tendler e Fernando Bonassi.

A julgar pelo trailer, a intenção dessa turma foi carregar nas cores dramáticas, apelando a uma concepção de entrenimento popular já bastante conhecida e até certo ponto desgastada.

Ainda sobre o trailer, chama a atenção o uso da bela trilha sonora de Gustavo Santaolalla, originalmente composta para Diários de Motocicleta (2004), de Walter Salles. A canção se chama "De Usuahia a La Quiaca". Se há alguma força nessa peça de propaganda, ela vem da ligação com essa música.

Torçamos para que Lula, o Filho do Brasil seja mais do que um exemplo de oportunismo e esperteza publicitária.

The Spirit - O Filme

Baseado na graphic novel de Will Eisner, The Spirit - O Filme tem os seus momentos. Os melhores são aqueles em que uma atmosfera surreal toma conta da tela, o que geralmente acontece quando o vilão Octopus (Samuel L. Jackson) está em cena.

No geral, porém, chega a dar sono a história desse herói solitário e mulherengo, um picolé de chuchu que sonha desde criança em entrar para a polícia e salvar a sua amada e maternal Central City.

Aqui e ali, o enredo é chacoalhado pela presença voluptuosa de Eva Mendes e Scarlett Johansson, ambas caminhando na tênue linha entre o deleitável e o patético.

A direção do filme é de Frank Miller, esse adolescente de 52 anos que adora o Chroma Key e começa a se repetir. The Spirit, assim como outro filme assinado por Miller, Sin City (2005), tem a maior parte dos seus cenários criados em computador, explorando contrastes artificiais entre o preto e o branco. Como ele parece não se cansar da idéia, já prepara duas seqüências de seu primeiro grande sucesso no cinema (Sin City 2 e Sin City 3 devem estrear em 2010 e 2011, respectivamente).

Boa expectativa

Divulgado o trailer de Antichrist, novo e sombrio filme do inquieto Lars Von Trier. O diretor dinamarquês — autor de Dançando No Escuro (2000) e Dogville (2003), entre outros — narra agora a história de um casal que tenta lidar com a morte do filho de três anos.

O filme tem uma primeira exibição prevista para maio, no Festival de Cannes, e em seguida, mais exatamente no dia 29, estreia na Dinamarca, na Polônia e na Espanha. Segue depois para outros países europeus. Ainda não há data oficial para o Brasil.

O elenco é encabeçado por Willem Dafoe, que esteve em outro trabalho de Von Trier, Manderlay (2005). Ator sempre impressionante em cena, Dafoe tem carreira consolidada em Hollywood, com participação em sucessos como Platoon (1986) e Homem-Aranha (2002). Charlotte Gainsbourg (Não Estou Lá, Novo Mundo) faz o papel da esposa.