segunda-feira, 29 de junho de 2009
Notícia / Prazo relâmpago para concurso de roteiros do Festcine
Outra pra galera do curta-metragem: já estão abertas as inscrições para o concurso de roteiros do Festcine Goiânia 2009. O prazo é relâmpago: termina nesta sexta, 3. Uma comissão nomeada pela Secretaria Municipal de Cultura vai selecionar cinco projetos nas áreas de ficção, animação e documentário. Cada escolhido recebe R$ 30 mil para produção de um filme de 10 a 20 minutos, captado em beta digital ou analógico, mini-dv ou formato tecnologicamente superior e finalizado em betacam.
Para concorrer, primeiro dê uma passada no site do Festcine e baixe o edital e os anexos. Depois de preencher tudo, entregue a papelada na sede da Secretaria Municipal da Cultura (Avenida 84, nº 535, Setor Sul, Goiânia). O horário de atendimento é das 9 às 12 e das 14 às 18 horas.
O V Festival de Cinema Brasileiro de Goiânia (FestCine Goiânia) está programado para 9 a 16 novembro de 2009, no Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro.
Notícia / Inscrições para Lei Goyazes
Para baixar formulários e obter outras informações, entre no site da Agência Goiana de Cultura. O órgão orienta os interessados a consultarem os informativos disponíveis na página eletrônica, sobretudo a Resolução nº 06 do Conselho Estadual de Cultura.
Segundo a própria Agepel, os 45 projetos já aprovados em 2009 (até maio) tiveram autorização para captar R$ 2,6 milhões. Desse total, o valor aplicado pelas empresas patrocinadoras é de R$ 1,1 milhão, até o momento.
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Lourival Belém Jr. de volta à cena
Está previsto para 20 de agosto o lançamento do novo trabalho de Lourival Belém Jr. Fruto de uma parceria entre o Cineclube Antônio das Mortes e a Idéia Produções, Recordações de um Presídio de Meninos é definido pelo cineasta como um documentário ficcional. "É um pouco diferente dos filmes que tenho feito, um caminho que tenho buscado, mais lírico, confessional, poético", explica.
Rodado em preto e branco, o filme tem 30 minutos de duração e está sendo finalizado em mídia digital. Conta a história de um jornalista negro que, alguns anos depois da destruição da Febem, volta para falar da instituição onde foi interno, de sua própria trajetória na época da ditadura e de seus amores. "É um filme que estou fazendo há vinte e tantos anos", revela Belém, já emendando: "Meu trabalho é sempre lento".
Psiquiatra por formação e cineasta autodidata, Belém já prepara outro documentário - na verdade, uma série. "Há quatro ou cinco anos estou filmando o sertão em três locais: um é o sertão do Maranhão, minha origem; outro, o sudoeste goiano, região mais rica do Estado; e outro o nordeste, a região dos Kalunga, a mais pobre". O material filmado já chega à casa das 20 ou 30 horas, segundo ele mesmo. Para cada hora filmada, Belém gasta outras cinco no trabalho de decupagem. "O primeiro documentário deve sair em dois anos", adianta.
Quem conhece As Cidadelas Invisíveis e Concerto da Cidade sabe que deve vir coisa boa por aí.
Ao me encontrar com Belém na Cidade de Goiás, durante o XI Fica, fiz-lhe algumas perguntas. Aqui vão dois trechos da pequena entrevista:
Você concorda que, em Goiás, os realizadores estão muito preocupados em concorrer a prêmios e pouco preocupados em pensar o cinema?
Dez anos atrás, para você ler um livro de linguagem cinematográfica ou dar um curso de documentário, você tinha que sair garimpando textos, pegando filmes em VHS... Hoje você tem uma disponibilidade grande de livros e filmes, há cursos especiais e até sistemáticos oferecidos pelas universidades, e, mesmo assim, me parece que essa oferta, já grande para uma cidade como Goiânia, ainda não se traduziu num avanço da nossa preocupação com duas coisas: a linguagem e a distribuição. Se fala muito que não se tem um esquema de distribuição, e se pensa sempre no outro, esquecendo-se que nós, cineastas, temos a nossa responsabilidade. O cineasta tem uma disponibilidade grande para vir ao Fica, mas não está disponível para ir às escolas, atender aos pedidos da mídia, dos centros comunitários, das universidades... Um exemplo concreto disso você pode ter conversando com o pessoal da Cara Vídeo, que tem uma experiência grande com uma distribuição absolutamente politizada. Esse é um trabalho de formiguinha, do dia-a-dia, e que pode se consolidar.
A existência de prêmios especiais para os filmes goianos no Fica mais prejudica ou ajuda a produção local?
É prejudicial porque nos acomoda, mas é uma faca de dois gumes. Não sei se essa reserva - vamos dizer assim - não se justifica. Existe reserva no mundo inteiro. Hollywood é uma grande reserva. Acredito que é preciso ver também o aspecto da crítica. A última vez que fiz uma crítica sobre cinema brasileiro e curta-metragem foi no primeiro Goiânia Mostra Curtas. E foi duro. Fazer uma crítica sobre o que acontecia no cinema brasileiro era fácil. Mas quando cheguei para falar dos filmes de Goiás, tremi nas bases. Todos os meus amigos estavam ali. Temos hoje várias pessoas dentro e fora da universidade e pode-se contar nos dedos quem se dispõe a fazer uma crítica da nossa produção geral ou de algum produto em particular. Esse também é um problema. Talvez os professores digam: "Não temos obras com valor suficiente para estimular a crítica". Tudo bem. Mas eu queria que eles falassem isso. Acho que as pessoas deveriam pelo menos dizer por que se faz crítica de filme de fora e não de filme daqui. Existe, por exemplo, uma crítica freqüente sobre a literatura goiana. As críticas de cinema existem, mas são esporádicas.
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Notícia / Aos curtametragistas
Programada para 6 a 11 de outubro, a 9ª Goiânia Mostra Curtas vai ser lançada oficialmente na próxima terça, 30, às 18h30. O happy hour na sede do Iphan (Avenida 84, nº 61, Setor Sul, em Goiânia) marca ainda a abertura das inscrições para a competição.
Para saber mais, acesse o site da 9ª Goiânia Mostra Curtas, a partir de 30 de junho, e pegue o regulamento e a ficha de inscrição. O curtametragista interessado em participar vai ter até 20 de agosto para submeter seu trabalho à organização da mostra. Se preferir ter mais informações por telefone, disque: (62) 3218-3780.
A realização da Goiânia Mostra Curtas fica a cargo do Icumam (Instituto de Cultura e Meio Ambiente).
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Fica / O que o júri pensa sobre os premiados
A organização do Fica acaba de divulgar o argumento do júri oficial para a premiação dos filmes da mostra competitiva. Durante a cerimônia de anúncio dos vencedores, no sábado, 21, os textos foram lidos logo em seguida à divulgação dos nomes, em meio aos gritos de comemoração, e por isso não tiveram tanto destaque. Agora é possível dar uma olhada neles com calma. Embora sucintos, são intessantes.
Ganhador do prêmio mais importante, Corumbiara (foto), por exemplo, teve sua escolha justificada da seguinte forma pelo time composto por Carlos Gerbase, Kiko Goifman, Mario Barroso, Rosa Berardo e Francisco Elinaldo Teixeira: "Pelo resultado de uma longa e apaixonada investigação histórica, que trouxe às telas toda a capacidade do projeto 'Vídeo nas Aldeias', evidenciando a gravidade do genocídio indígena". O diretor Vincent Carelli levou pra casa o Troféu Cora Coralina e um cheque de R$ 50 mil.
Para ler os argumentos a respeito dos outros premiados, clique aqui. Se o link não funcionar, entre no site oficial do Fica e procure por "Argumento do Júri para a premiação dos filmes" no menu à esquerda.
Notícia / Desbitola volta em julho
Galera da Fractal Filmes comunica que em junho, excepcionalmente, não haverá Desbitola - Ciclo de Debates do Cinema Goiano. A próxima edição do evento fica previamente marcada para 30 de julho, às 19 horas, no Cine Goiânia Ouro.
Leia mais sobre o Desbitola no blog da Fractal Filmes ou acompanhe as novidades pelo Twitter.
domingo, 21 de junho de 2009
Fica / A cerimônia, os prêmios e os premiados
A lista com os nomes dos premiados da VII Mostra ABD Cine Goiás, paralela à competição oficial e que geralmente abre a cerimônia, não chegou em tempo às mãos dos organizadores. Infelizmente, isso só veio à tona quando a cerimonialista já havia anunciado o prêmio de Melhor Roteiro e convidado o escritor Miguel Jorge para entregar a honraria.
Miguel Jorge ficou no palco segurando a Pedra Goiana por cerca de 10 minutos, até que a organização desistiu de esperar o aparecimento da lista. Para dar andamento à cerimônia, inverteu-se a ordem tradicional e liberou-se antes o prato principal: os vencedores da mostra competitiva do Fica. Miguel Jorge voltou ao seu lugar e tentou ser bem-humorado: "Foi um ato falho".
Uma confirmação bastante esperada foi feita pela presidente da Agepel, Linda Monteiro: por meio de edital a ser publicado em 10 dias, o governo do Estado vai oferecer um crédito de R$ 400 mil para a produção de cinco curtas metragens. Vão ser aceitos projetos de ficção, documentário e animação.
sábado, 20 de junho de 2009
Fica / Agenda do festival aqui e acolá
Goiânia (GO) / Cine Cultura
- Em julho (data específica indefinida)
Goiânia (GO) / Secretaria da Fazenda (Sefaz)
- 9 e 23 de julho
- 6 e 20 de agosto
- 3 e 17 de setembro
- 1, 15 e 29 de outubro
- 12 e 26 de novembro
- 3 de dezembro
Campinas (SP)
- 22 a 24 de setembro
Canela (RS)
- 4 a 13 de setembro
São Paulo (SP)
- 13 a 16 de agosto
Florianópolis (SC)
- 25 a 27 de agosto
Trancoso (BA)
- 25 a 27 de setembro
Cuiabá (MT)
- 25 a 27 de outubro
Vitória (ES)
- 14 a 16 de outubro
Fica / Incentivo ou paternalismo?
A reportagem da Tribuna aproveitou a presença deles para discutir a qualidade do cinema feito em Goiás, bem como a contribuição do festival para a melhoria dele. É inegável que, desde a primeira edição do Fica, em 1999, a produção goiana cresceu e outros eventos relacionados ao tema vieram no mesmo rastro. Esse lado positivo, porém, não evitou alguns efeitos colaterais.
Baseado nisso, ele defende a extinção dos dois prêmios especiais para os melhores filmes goianos - os troféis José Petrillo e João Bennio, que distribuem R$ 40 mil cada um. "Os goianos devem ser bons ao ponto de competir com qualquer sergipano, pernambucano ou carioca", argumenta, acrescentando: "Esse paternalismo ou protecionismo existente hoje não tem levado a nada. Em 11 anos, nada mudou".
Fica / Martinho da Vila em Goiás
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Fica / O bom humor de Ângelo Lima
Retratos 3x4 de um Tempo vai mostrar depoimentos de ex-militantes goianos que sobreviveram à ditadura de 64. Ângelo tem 45 horas de gravações e pretende transformá-las em um longa de 1h30 ou 1h40 de duração. Atualmente o projeto está em fase de "pré-edição". Deve ser lançado em agosto, ainda dentro do período de comemoração aos 30 anos da Anistia.
Ontem, na mostra competitiva do XI Fica, Ângelo apresentou seu curta A Próxima Mordida, sobre ataques de tubarões em Recife e a possível responsabilidade de empreendimentos comerciais na atração dos animais para a costa pernambucana. Embora limitado, o filme pode ser considerado candidato ao prêmio do "júri popular", já que arrancou boas gargalhadas da plateia e recebeu os aplausos mais calorosos do dia. Depois da sessão, ao ouvir um comentário sobre o mais de engraçado de seus personagens, Ângelo argumentou, alfinetando os concorrentes: "Não sei por que os filmes têm que ser sempre sisudos aqui nesse festival".
sábado, 13 de junho de 2009
Um presente inesperado: Pauline Kael
O chefe entrou na sala e jogou sobre a mesa um livro. Típico dele. Fascinado por livros, comprador compulsivo e presenteador generoso, Vassil gosta de sempre dividir seu entusiasmo por algum novo achado nas livrarias. Era esse o caso. Olhei para a capa - Criando Kane e Outros Ensaios - e percebi que se tratava de uma coletânea assinada pela crítica de cinema americana Pauline Kael. Já fui logo perguntando: "É pra mim?" Ele, meio constrangido, não soube dizer não: "É, fique com ele, estava em promoção lá na Livraria Leitura".
Agradeci pelo presente inesperado e já comecei a ler.
Pauline Kael, que escreveu para The New Yorker (templo do Novo Jornalismo) por quase um quarto de século, é uma das mais controversas e populares críticas de cinema da história. Já na abertura de Criando Kane, ela dispara dois ou três petardos:
"Este é um livro especulativo. Digo um bocado de coisas arriscadas, e digo-as com uma linguagem cheia de gírias, às vezes provocadoras - pois quem pode afirmar, com alguma certeza, como devemos falar dos filmes dos quais mais gostamos? Os filmes são uma diversão tão alegre (...) que sabemos que não são apenas lixo. E de uma tão correta sensualidade (...) que arrasam nossas exigentes ansiedades sobre o lugar que ocupam em comparação com as grandes obras de outras artes."
"(...) Quando os filmes são bons, nos fazem sentir mais vivos, e escrever sobre eles tem o mesmo efeito."
Crédito da foto: James Hamilton
sexta-feira, 12 de junho de 2009
Notícia / Sotaque espanhol no Goiânia Ouro
A Mostra de Cinema Espanhol e Hispano-Americano está só no começo: aberta na segunda, 8, ainda vai até o dia 30 de junho. Os filmes são exibidos sempre às 12h30, 15 horas e 20 horas, com ingresso a R$ 1. Hoje, por exemplo, estão em cartaz Tudo sobre Minha Mãe (Pedro Almodóvar, 1999), O Filho da Noiva (Juan José Campanella, 2001) e Buenos Aires 100 KM (Pablo José Meza, 2004).
A promoção é do Instituto Hispânico.
Para ver a programação completa, clique aqui.
quarta-feira, 10 de junho de 2009
Notícia / "O Caminho do Meio" abre DocTV
Começa hoje, em Goiás, o quarto ciclo do DocTV — Programa de Fomento à Produção e Teledifusão do Documentário Brasileiro. Na estreia da série de 55 filmes, a Televisão Brasil Central (TBC - canal 13 na TV aberta e 19 na Net) exibe O Caminho do Meio, do realizador mineiro André Amparo. O documentário aborda a relação entre trabalhadores da cana-de-açúcar e fazendeiros e o impacto da atividade no meio ambiente.
Em Goiás, o DocTV é exibido com atraso de uma semana em relação à rede nacional. Enquanto aqui o programa entra em sua primeira semana, em outros Estados já está na segunda. O dia oficial do DocTV na TBC é quarta-feira, às 23h40. Na terça, às 2 da madrugada, tem reprise.
O único documentário goiano na quarta edição do DocTV se intitula Mudernage. O trabalho da diretora Marcela Borela fala sobre o movimento modernista em Goiás, sobretudo nas décadas de 1950 a 1970. Deve ser exibido na 36ª semana do programa, em fevereiro de 2010.
Graduada em jornalismo pela UFG e com atuação na cena do audiovisual goiano, Marcela foi selecionada entre 15 candidatos ao último edital do DocTV Goyaz. Como apoio, recebeu R$ 110 mil para produção e finalização de Mudernage. O documentário passou ainda por oficinas de desenvolvimento orientadas por gente como Jean-Claude Bernadet e Cláudia Mesquita.
Para 2009, um novo edital está previsto, dessa vez contemplando dois projetos goianos — cada qual com direito a R$ 110 mil (alocados pela Agência Goiana de Comunicação, Agecom, e pelo Instituto Rizzo). De acordo com o produtor executivo do programa, João Novaes, a data de lançamento segue indefinida, pois depende de captação de recursos via Lei Goyazes.
Para checar a programação completa do IV DocTV até 2010, clique aqui (arquivo PDF).
Para saber mais detalhes sobre os documentários e os documentaristas, vá pra cá (arquivo PDF).
Veja abaixo o trailer de O Caminho do Meio.
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Notícia / Final de semana com "cinema feminino"
É possível falar na existência de um "cinema feminino"? Talvez sim. Mas há quem tenha certeza e seja capaz de criar, em Goiânia, uma 1ª Mostra Internacional de Cinema Feminino. O evento começa hoje, 5, e vai até domingo, 7, ali no Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro. No programa, 14 filmes, entre curtas, médias e longas, sempre em três horários fixos (12h30, 15 horas e 20 horas). O valor do ingresso é simbólico (R$ 1).
A intenção é abrir espaço para o trabalho de mulheres-cineastas que discutem a condição feminina na sociedade brasileira. Apenas um homem se intromete no "Clube da Luluzinha": Márcio Ramos, autor da animação Vida Maria. Há também somente uma produção estrangeira: Em Segredo (Grbavica), da bósnia Jasmila Zbanic. Os filmes fazem parte do acervo do Instituto de Cultura e Cidadania Feminina do Rio de Janeiro.
“A mulher, na nossa sociedade, sempre aparece como vítima e o homem como agressor. Precisamos refletir como essa relação é construída no processo social”, diz Ana Lúcia da Silva, organizadora da mostra e coordenadora-geral do Centro de Cultura Eldorado dos Carajás (CCEC), que promove o evento (leia mais aqui).
É bom dizer que o CCEC, organização não-governamental, desenvolve desde 2004 um trabalho interessante em Goiânia. Promove, por exemplo, jornadas de formação de plateia com exibição e discussão de filmes.
Para conferir a agenda regular do Centro, clique aqui.
Para ver a programação completa da 1ª Mostra Internacional de Cinema Feminino, vá pra cá.
quinta-feira, 4 de junho de 2009
Notícia / Em junho, no Goiânia Ouro
Hoje termina a Mostra DocTV Goyaz II no Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro. A programação, com ingresso a R$ 1, é a seguinte:
- 12 horas - O escuro e a bicicleta – 55 min – Dir. Cláudia Nunes
- 15 horas - Santa Dica – De guerra e fé – 55 min – Dir. Márcio Venício (foto)
- 20 horas - O escuro e a bicicleta – 55 min – Dir. Cláudia Nunes
- 21 horas - Santa Dica – De guerra e fé – 55 min – Dir. Márcio Venício
Além da Mostra DocTV Goyaz, a agenda cinematográfica de junho segue intensa no Goiânia Ouro. Veja a lista de atividades e aguarde os detalhes:
- De 5 a 7 - Mostra internacional do Cinema Feminino
- De 8 a 30 – Mostra de Cinema Espanhol e Hispano Americano
- Dia 25, às 20 horas – Projeto Desbitola (exibição e discussão de filmes e vídeos goianos)
Endereço do Goiânia Ouro: Rua 3, esquina com a Rua 9, Centro.
Telefones: 3524-2540 e 3524-2541.
Notícia / Produção comunitária exibida ao ar livre
Rio Quente, Goiânia e Araguapaz recebem, a partir de hoje, o projeto Revelando os Brasis (confira programação abaixo). A ideia é a seguinte: montar uma estrutura de cinema ao ar livre e exibir vídeos produzidos por moradores.
E quem são esses moradores? Pessoas escolhidas em todo o país para realizar cada uma um vídeo que conte a própria história ou outra de sua preferência. Ao todo, 40 novos "videastas" foram formados, dois deles goianos.
De Rio Quente, vem o funcionário público Joeli Vaz do Nascimento, com “O Grande Rio Thermal”. O trabalho mostra o maior rio de águas termais do mundo, procurado por suas riquezas e efeitos terapêuticos. De Araguapaz, chega o funcionário de frigorífico Fleury da Silva de Almeida, morador de um assentamento do Movimento Sem-Terra. Almeida mostra, em "Revelando Minha Vida", a sua própria trajetória e a da reforma agrária no município.
Além das duas fitas goianas, os espectadores vão conferir também vídeos do Mato Grosso do Sul, do Tocantins e do Pará.
O projeto Revelando os Brasis é uma iniciativa do Instituto Marlin Azul e da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura. Tem o patrocínio da Petrobrás e a parceria do Canal Futura.
Programação:
- 4 de junho
Rio Quente (na Praça do Ipê, na Avenida José Dias Guimarães, no Centro) – 19 horas - 5 de junho
Goiânia (Setor Pedro Ludovico, na Alameda Henrique Silva) – 19 horas - 7 de junho
Araguapaz ( Praça Central) – 21 horas
terça-feira, 2 de junho de 2009
Balanço da Mostra de Cinema Alemão – Parte 2
Alguns dias depois do Sérgio, chegou a Goiânia outra pessoa cujo conhecimento e paixão pelo cinema me contagiariam: Yanet Aguilera. Assistir a No Decurso do Tempo (foto) e ouvi-la falar sobre Wim Wenders com seu envolvente sotaque castelhano foram dois prazeres que tive na semana retrasada.
Batizado com o sugestivo nome de “Wenders Cinéfilo”, o minicurso da professora da USP se propunha a mergulhar no oceano de referências cinematográficas do diretor alemão, considerado o mais “americanizado” de todos. Escolheu, pra isso, três filmes. Do ponto de vista histórico, O Amigo Americano talvez seja o mais importante deles (para muitos, marca uma transição de fase no cinema alemão). Mas foram No Decurso do Tempo e Um Filme para Nick os que mais me impressionaram.
Em No Decurso do Tempo (1976), por exemplo, é inesquecível a sequência em que Hanns Zischler e Rüdiger Vogler ziguezagueiam pela estrada sobre uma moto (uma BMW R 21/3), costurando delicadamente um road movie em que dois jovens viajantes promovem o encontro da herança cultural alemã com o grande cinema americano. Projeção finalizada, entra Yanet em cena para explicar como essas passagens podem ser relacionadas a filmes como Easy Rider – Sem Destino (Dennis Hopper, 1959) e Paixão de Bravo (Nicholas Ray, 1952).
A admiração de Wenders por esses dois diretores americanos fica ainda mais evidente em 1977, com o lançamento de O Amigo Americano. Nele, Hopper e Ray interpretam os papeis de Tom Ripley e Derwatt, respectivamente. Baseado no livro de Patrícia Highsmith (refilmado depois com Matt Damon no elenco), o thriller é transformado por Wenders numa reflexão sobre a mercantilização da arte e a possibilidade de se contar histórias no cinema. Ao mesmo tempo em que critica Hollywood por colocar no ostracismo cineastas do porte de Hopper e Ray, Wenders faz uma homenagem ao filme policial americano dos anos 50.
A cena inicial de O Amigo Americano (Hopper desembarca de um táxi em frente a um edifício vermelho, onde mora o personagem de Ray) é retomada por Wenders em Um Filme para Nick (1980). Aqui, porém, o cineasta alemão embaralha a fronteira entre ficção e documentário para prestar uma homenagem final ao diretor de Paixão de Bravo. Acometido por um câncer terminal, Ray definha na tela, enquanto Wenders se esforça para evitar o efeito “voyer”, implicando-se na experiência (foto).
Yanet defende Wenders, que na primeira montagem do filme, exibida em Cannes, foi chamado de “necrófilo”. Para ela, a segunda montagem (a única conhecida hoje em dia) constrói para Ray uma personagem que está no limite da representação, equilibrando-se em linha tênue sobre ficção e realidade. O percurso final dessa personagem pode ser relacionado ao de outras, como Aquiles (que enfrenta a morte) e Sócrates (que morre exemplarmente, cercado de amigos - a “bela morte”).
Tema banalizado pelo cinema (sobretudo em gêneros como terror e ação), a morte assume, em Um Filme para Nick, outro status. Um status que está além do pastiche e da paródia.
Yanet encerra o minicurso com uma conversa sobre esse belo documentário. Antes de ir embora, ela confessa, para surpresa de todos, que sua paixão por Wenders tem um limite. Vai até Paris, Texas (1984). A partir de Asas do Desejo (1987), na opinião dela, há uma mudança decisiva na cinematografia do diretor. “A imagem perde opacidade, se torna grandiosa. Em Asas do Desejo, é o olhar de Deus”, justifica. Dali em diante, a professora passa a se dedicar a outros nomes do “Jovem Cinema Alemão”. Alexander Kluge, por exemplo. Sobre a decepção e a consequente mudança de objeto de pesquisa, ela resume, consciente: “Não queria perder o Wenders que construí pra mim”.
---
PS: Quer baixar a bela trilha sonora de No Decurso do Tempo? Clique aqui e vá ao pé da página. Cortesia do site oficial de Wim Wenders.